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40 anos é velho demais para o mercado de trabalho. Como enfrentar esse preconceito?

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Andréia Melo

Andréia Melo

“Tu tem certeza que vai conseguir emprego agora, nessa altura da tua vida, com mais de 40 anos?”

“Não sei por que você está fazendo faculdade agora”

À primeira vista, essas duas frases refletem o preconceito de muitas pessoas quando se deparam com outras com 40 anos ou mais entrando na faculdade ou no mercado de trabalho. Eu ouvi as duas.

Quando decidimos sair da nossa zona de conforto, somos confrontados com os mais diversos tipos de preconceitos. Geralmente, somos vistos como os “tios” pelos mais jovens e não como parceiros de faculdade ou de trabalho.

Muitos de nós que resolvemos abrir espaço na nossa vida para novos desafios como voltar estudar ou trabalhar sentem esse impacto. Alguns sentem medo e voltam atrás. É compreensível esse medo inicial e o preconceito que acompanha o nosso “perfil” acabam alimentando as nossas angústias.

Como as pessoas com mais de 40 anos reagem psicologicamente ao preconceito e o medo no mercado de trabalho

O preconceito é uma ideia pré concebida sobre algo, um grupo de pessoas ou indivíduo. Muitas atitudes preconceituosas provem de julgamentos negativos sem nenhum tipo de fundamento e são responsáveis por afetar a inteligência emocional das pessoas.

Dentro do mercado de trabalho é comum esse tipo de atitude ser direcionado a pessoas com mais de 40 anos que estão entrando ou retornado ao mercado.  Isso gera medo e conflitos psicológicos.

Como o medo é um sentimento muito poderoso que interfere na condição psicológica e emocional de uma pessoa e pode estar associado ao preconceito, conversei com a psicóloga Joelma Martins para explicar como esse fato se aplica aqui.

Psicóloga Joelma Martins

Segundo a psicóloga o medo pode estar relacionado à insegurança que muitas pessoas mais velhas sentem ao competir com outras mais jovens no mercado de trabalho.

“É quando você começa a ficar pra trás, com uma ‘certa idade’ como dizem e começam a achar que você está envelhecendo e não tem mais essa capacidade produtiva” avalia.

A expectativa em torno dessas pessoas em “superar” o seu concorrente mais jovem contribui para aumentar o conflito interior.

Foto: Lucas Melo

 “Uma pessoa com 40 anos ou mais está concorrendo com quatro ou cinco jovens. Então percebe-se que há um medo, uma insegurança com relação a essa ‘competição’. Já por outro lado, o mais jovem pode pensar que aquela pessoa mais velha poderia estar se aposentando e está querendo o seu lugar, a sua vaga de emprego”, explica Joelma.

Esse tipo de pensamento conhecido como ageísmo, preconceito sofrido por pessoas mais velhas, principalmente em ambientes de trabalho, tem intimidado muitos profissionais mais experientes. “Porque se compara muito a produtividade com a questão da idade e nós não conseguimos valorizar” afirma a psicóloga que aponta para a questão cultural também.

Achar que pessoas com mais de 40 anos não produz também é uma questão cultural

“Na questão cultural alguns associam a idade com aprendizado, como se uma pessoa mais velha não fosse ou não tivesse a capacidade de aprender. Não levamos em consideração a experiência. Nós queremos força bruta. É jovem, aguenta qualquer coisa. E tem aquelas pessoas com 40 anos que não tem toda aquela juventude, mas tem a experiência e não se conta isso” analisa.

Felizmente atitudes como essa têm sido combatidas por várias empresas que passaram a valorizar a experiência e habilidades de pessoas a partir dos 40 anos, aumentando a probabilidade de contratação desses profissionais no mercado de trabalho.

Apesar disso, questões como o ageísmo ainda causam desconforto em muitas pessoas que optaram por uma guinada profissional em suas vidas.

Seja como for, independentemente do motivo, o medo e o preconceito não podem ser determinantes ao ponto de serem paralisantes.

A maturidade versus preconceito

Outro tipo de preconceito associado à idade apontado pela psicóloga Joelma é com relação à capacidade de aprendizado. Como ela ressaltou anteriormente, os jovens são vistos como sendo mais ousados ou mais dinâmicos e que possuem mais garra. No entanto, a psicóloga adverte que isso não tem haver com idade e sim com perfil de personalidade.

“Pessoas com mais de 40 anos também podem ter esse perfil. Não é uma questão de ser jovem ou não. A juventude pode ter a ousadia, mas quando chegamos a ‘uma certa idade’ nós começamos a pensar mais antes de agir, tem esse contraponto. Tão importante quanto a ousadia é ter planejamento, sensatez” observa.

Para quem está entrando ou retornando ao mercado de trabalho, a maturidade pode ser uma grande aliada nesse momento de transição. Aprendemos a identificar fatores que colocam em xeque nossa capacidade de aprender e usamos nossa experiência de vida para reverter esse quadro.

“Tem adolescente sofrendo pressão psicológica para escolher uma carreira aos 17 anos. Muitos escolhem uma carreira para agradar o pai ou a mãe considerando o valor financeiro, mas não tem uma experiência de vida. A experiência também pode dar respaldo para muitas escolhas na vida” pondera a psicóloga.

Como enfrentar os preconceitos?

Há 30, 20 ou 10 anos atrás as pessoas seguiam algumas regras impostas pela própria sociedade onde o mercado de trabalho era um campo ocupado principalmente pelos mais jovens.

 “Independente de idade o fato de seguir em frente e acreditar nos seus sonhos vai muito mais pelas questões das crenças que chamam de crenças limitantes. Às vezes a pessoa começa acreditar em regras e padrões determinados pela própria sociedade e pelo próprio ambiente em que vive” explica Joelma.

Inversão de valores

Atualmente existe uma inversão de valores. Todavia, os mais velhos passaram a disputar esse espaço com os mais novos. E para enfrentar o preconceito a psicóloga Joelma Martins faz algumas considerações:

“Uma forma de combater isso é quebrar essas regras e não acreditar nessas crenças, mas sim no seu potencial. Bem como perceber que não depende somente da questão da idade, mas principalmente, de querer sair da sua zona de conforto, de planejar o seu futuro, de ter metas na sua vida. Tudo isso é importante para que venha alcançar seu objetivo”

Uma ótima notícia é que o mercado de trabalho está mudando. Novas áreas de conhecimento estão surgindo e não dependem de idade para serem conquistadas. O mercado atual vem trazendo novas possibilidades e todos podem lutar por um lugar ao sol.

O importante é não deixar de acreditar. A princípio, sempre haverá oposição, pois vivemos num mundo competitivo e preconceituoso. Contudo, a forma como nos portamos diante dela é que fará toda a diferença, ainda mais se estivermos bem preparados e capacitados. A capacidade de aprender e evoluir faz parte da nossa condição humana. Podemos nos aperfeiçoar a cada dia. Só depende de nós mesmos. Tenhamos fé.

Abraços e até o próximo artigo.

6 respostas

  1. Artigo perfeito.
    Além de refletir parte do que estou vivendo atualmente, ainda me auxiliou bastante no PI que venho trabalhando na minha tão sonhada faculdade de RH , aos 42 anos.

    1. Oi, Renata, tudo bem?
      Imagino como deve ser desafiador enfrentar o preconceito no mercado ou ambiente de trabalho por causa da nossa idade. Atualmente, estou com 50 anos.
      No entanto, eu não perco a esperança e vou à luta todos os dias. Sucesso pra você 😚

  2. Li todo o artigo! Está perfeito! Muita bom mesmo!
    É de extrema importância pra sociedade!

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