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Violência doméstica: sob o olhar da terapeuta Rose Rech

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Andréia Melo

Andréia Melo

Atualmente, vivemos numa sociedade onde, infelizmente, a violência contra a mulher ocupa cada vez mais os noticiários da mídia em geral e quase sempre com finais trágicos. No entanto, apesar das estatísticas, ainda existem mulheres que resistem e continuam lutando contra este tipo de violência – crime contra a mulher.

Entretanto, dentro desse contexto sempre ficam as sequelas naquelas que sobrevivem, levando-as a uma luta constante pela reconstrução de suas vidas ou, pelos menos, partes dela. Logo, a ajuda de um profissional se torna essencial no processo de recuperação dessas mulheres. Profissionais como a terapeuta Rose Rech, que nos últimos 15 anos têm ajudado pessoas a vencerem seus traumas emocionais por meio da terapia quântica informacional.

Agora, juntamente com Yannahe Marques – que sobreviveu a um tiro na cabeça desferido pelo ex-marido – Rose revela como a terapia pode ajudar outras mulheres a vencerem seus traumas profundos causados pela violência doméstica. Como também, a culpa que acompanha a maioria delas.

A Rose, conheceu a Yannahe no final de setembro de 2019, seis meses após o atentado, quando ela estava muito abatida devido os efeitos colaterais das medicações para combater eventuais episódios convulsivos.

Rose Rech

“O entendimento das mulheres sobre o que é a violência doméstica nem sempre é fácil e rápido. Muitas delas não se reconhecem como vítima” – Rose Rech.

Andréia Melo – Rose, quando você conheceu a Yannahe e soube de sua história, qual o primeiro pensamento que veio à sua mente?

Rose Rech – A princípio foi mais um questionamento mesmo: por que uma mulher demora tanto tempo para perceber que está num relacionamento abusivo? Porque uma mulher forte, determinada e instruída não consegue identificar que está vivendo esse relacionamento? Hoje, a minha maior busca profissional é entender e ajudar essas mulheres nesse sentido. Como também, compreender a particularidade de cada uma – pois não são todas iguais – para em seguida ajudá-las a identificarem isso dentro de si mesma. Para então, depois de reconhecerem essa particularidade e o porquê de estar nesse relacionamento, terem forças para sair.

AM – Muitas mulheres que sobrevivem à tentativa de feminicídio trazem consigo traumas profundos e algumas até se culpam por causa disso. Como fazê-las enxergar e entender que não são responsáveis pela violência que sofreram?

RR – Sinceramente, acredito que esse seja o processo mais desafiador de um terapeuta que trata de uma pessoa vítima de violência doméstica, por causa da pressão psicológica que essa mulher sofre. Enquanto o abusador vai criando um padrão mental dentro dela – que ela é responsável, é culpada, tomou uma atitude que desagradou a ele – ele faz com que essa mulher adoeça, impedindo-a de produzir neurotransmissores. Ou seja, a mulher vai montando um padrão mental onde ela é culpada e que poderia ter feito diferente. Entretanto, acredito que não é só mostrar pra essa mulher situações diferentes que ela poderia viver e sim mudar todo o padrão mental, para que ela se reconheça como sendo uma vítima desse sistema. Assim, ela poderá sentir e enxergar esse processo dentro dela. Então, acredito que o mais desafiador dentro de todo um tratamento é mostrar pra essa mulher que ela não é responsável por essa violência.

Mas a Rose chama atenção para uma situação muito peculiar dentro desse contexto:

A maioria de nós mulheres em situação de vulnerabilidade, condicionamos a nossa mente, de maneira inconsciente, a acreditar que a aceitação é o caminho certo

AM – Atualmente, segundo as estatísticas, a violência contra mulher tem aumentado significativamente, geralmente, causada pelo próprio companheiro. Na sua visão profissional, como você enxerga essa estatística?

RR – Eu acho muito triste tudo isso que está acontecendo. Ainda mais, porque esse número aumentou na pandemia. Então, eu penso que o número de mulheres que sofrem caladas é muito maior; algumas porque tem vergonha e acredita que esse homem vai mudar. Agora, quanto mais levarmos a publico que existem mulheres que conseguem sair e darmos força e apoio a essas mulheres, mais benefícios terão para diminuir essa violência doméstica.

Muitas mulheres são responsabilizadas pela violência que sofrem

“A Rose foi um verdadeiro presente depois de tantos meses lutando para me restabelecer, pois foi a pessoa que enfim me mostrou o caminho para compreender os questionamentos que não paravam de surgir na minha mente” – Yannahe Marques.

AM – Infelizmente, muitas mulheres vítimas de violência doméstica são responsabilizadas pela violência que sofrem e com a Yannahe não foi diferente. Por que isso acontece, visto que, a mulher é a vítima?

RR – Infelizmente nós vivemos numa cultura muito machista, de um patriarcado que vem de longa data. Por isso, a violência contra mulher ainda é muito banalizada em muitos lugares. A princípio, tradicionalmente, as mulheres foram criadas para estarem a serviço do homem como objeto de desejo ou de capricho. Logo, foram criadas para serem frágeis. No entanto, dentro dessa fragilidade veio toda uma submissão. Um bom exemplo disso era que antigamente as mulheres não tinham direito a nada, como o voto ou voz ativa na sociedade. Então, eu acredito que, infelizmente, as mulheres ainda passam por isso e são responsabilizadas pela violência que sofrem. Por vezes, ela própria se coloca nessa situação em função de uma cultura muito machista, como se ela tivesse a obrigação de agradar o homem para não sofrer as consequências.

AM – A Yannahe é uma mulher forte, corajosa e determinada. Esse aspecto de sua personalidade pôde ter contribuído em sua decisão de continuar vivendo, indo completamente na contramão da medicina?

RR – Sim, eu acho que a força da “Nana” fez com que ela driblasse tudo e todos, pois ela tem amor pela vida. Porém, o desejo de cuidar dos filhos e principalmente de protegê-los, também, foi um ponto muito importante para que ela saísse daquele hospital com as próprias pernas, indo contra tudo e contra todos.

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